Clube de Astronomia e Ciências de Rondônia

Em culturas antigas, quando a escrita ainda não era nem sombra do que viria a ser, as memórias dos antepassados ficavam impregnadas nos contos, nas lendas, nas pinturas rupestres, nas histórias sobre as estrelas. É bem comum encontrar ainda hoje a visão de que os seres que partem vão para algum lugar que se encontra bem além daqueles que os olhos alcançam. A morte é inevitável, as vezes inaceitável, e sempre causa desconforto nos que ficam, pois estes se vêm diante da responsabilidade de terem que manter viva a memória dos que se foram.

Escrever sobre a morte é bem mais doloroso quando quem nos deixa é aquela pessoa que tinha a difícil tarefa de nos ensinar a escrever, de pensar a escrita e de torna-la sólida. Hoje, no dia 30 de junho de 2020, esvaiu-se a vida de quem tanto deu a própria por causas tão nobres, de quem fez da educação a sua morada, neste dia perdemos a Mãe, Esposa, Avó, Educadora, Professora, Amiga, Orientadora (em todos os sentidos), Ana Maria de Lima Souza.

A nossa memória coletiva não esquecerá de tantas flores que foram plantadas, de tantos momentos que foram compartilhados, de tantos dias que foram vividos ao seu lado e, acima de tudo, de tantas horas em que as conversas seguiram constantemente o pensamento de que um dia, algum dia de nossas vidas, alcançaríamos o conhecimento que a senhora tinha. Nunca vimos alguém falar com tanta propriedade sobre a pesquisa, sobre as formas de extrair da sala de aula informações tão importantes para o desenvolvimento de um trabalho ou como atuar de maneira positiva na vida de um aluno.

Lembro-me do dia que estive na banca de ingresso ao curso de doutorado e quis o destino que seu semblante fosse um dos que me avaliaria naquela tarde.  Recordo-me que falei sobre os planetas, as estrelas e sobre como iria desenvolver a minha pesquisa do Programa de Doutorado Profissional em Educação Escolar. Ao final, talvez impressionada pelas informações de Vênus e outros tantos astros, percebi que os nossos caminhos se cruzariam mais tarde, mas nunca preveria que quase sempre ao ver a Estrela D’alva recordaria daquele dia e da memória do momento em que lhe vi pela primeira vez.

Sempre me perguntei como a Profa. Ana Maria conseguia transmitir tanta paz e como eu poderia me tornar alguém que ao me verem sentissem o mesmo, como o orientando poderia ser o reflexo da orientadora e como eu poderia não somente concluir o Curso, mas sair dele uma pessoa mais humana. Hoje a minha voz não treme de nervosismo, mas de dor e lamentação por não ter aproveitado todos os momentos, falado sobre suas plantas - que agora sentirão sua falta; para falar sobre filhos - que não sentirão mais seu carinho; para lhe falar das estrelas - que agora lhe conhecerão melhor.

Professor Msc. Hualan Patrício (IFRO) - Orientando da professora Ana Maria

Os mais sinceros sentimentos a toda a família da professora Ana Maria, que seus ensinamentos, sua persistência, empatia, carisma e amor acima de tudo, possam ser replicados por todos nós! Sentiremos sua falta!

Equipe do Clube de Astronomia de Rondônia

Professor Dr. Ariel Adorno (Coordenador / UNIR)